quinta-feira, 14 de maio de 2009

A CABANA - UMA ANÁLISE CRÍTICA (3)



Em continuação a análise do livro “A Cabana” trago a última postagem.

A análise que faço é como teólogo e concluo que, se o livro não tivesse todos estes deslizes teológicos, poderia recomendar sua leitura. No entanto, por dever de consciência considero o livro tendencioso, apelativo, perigoso e mais prejudicial que benéfico. Vejamos os dois últimos assuntos:
DESCRÉDITO DAS DOUTRINAS CRISTÃS, E
LINGUAGEM OBSCENA.

Vamos aos fatos:

1. DESCRÉDITO DAS DOUTRINAS CRISTÃS - Temos na obra uma clara tendência em desacreditar e colocar em xeque algumas doutrinas cristãs.

1.1 O AUTOR INSINUA QUE NO EPISÓDIO DA CRUZ JESUS SE ENGANOU AO DECLARAR QUE O PAI O TINHA ABANDONADO:
“ - Na cruz? Espere aí, eu pensei que você o tinha abandonado. Você sabe: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?" — Era uma citação das Escrituras que freqüentemente assombrava Mack na Grande Tristeza. - Você não entendeu o mistério naquilo. Independentemente do que ele sentiu no momento, eu nunca o deixei.” (p. 86)

De modo contrário ao ensino de “A Cabana” a Bíblia ensina que o episódio da cruz foi real:
“Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, [Deus meu], [Deus meu], [por que me desamparaste?]” (Mt 27.46).

1.2 O LIVRO ENSINA QUE NO CÉU NÃO TEM RUAS DE OURO:
“ - Bom, Mack, nosso destino final não é a imagem do Céu que você tem na cabeça. Você sabe, a imagem de portões adornados e ruas de ouro. O Céu é uma nova purificação do universo, de modo que vai se parecer bastante com isso aqui. - Então que história é essa de portões adornados e ruas de ouro? - Esta, irmão - começou Jesus, deitando-se no cais e fechando os olhos por causa do calor e da claridade do dia -, é uma imagem de mim e da mulher por quem sou apaixonado. Mack olhou para ver se ele estava brincando, mas obviamente não estava”. (p. 164)

“Depois de um momento ele decidiu se juntar a Jesus e deitou-se de costas ao lado dele, abrigando os olhos do sol para espiar as nuvens que passavam no início da tarde. - Bom, para ser honesto — admitiu —, não estou desapontado, porque nunca me senti atraído pela "rua de ouro". Sempre achei meio chato...” (p. 165)

O que diz a Bíblia Sagrada?

“O muro era construído de jaspe, e a cidade era de [ouro] puro, semelhante a vidro límpido”. (Ap 21.18)
“As doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era de uma só pérola; e a praça da cidade era de [ouro] puro, transparente como vidro”. (Ap 21.21)


1.3 O AUTOR TEM UMA FORTE ATITUDE ANTI-INSTITUIÇÃO E POR ISSO ATACA AS DOUTRINAS E EXIGÊNCIAS PREGADAS NA IGREJAS.
“— Está dizendo que não preciso seguir as regras? — Agora Mack havia parado completamente de comer e estava concentrado na conversa.
— Sim. Em Jesus você não está sob nenhuma lei. Todas as coisas são legítimas.
— Não pode estar falando sério! — gemeu Mack.
— Criança — interrompeu Papai —, você ainda não ouviu nada.
— Mackenzie — continuou Sarayu —, só têm medo da liberdade os que não podem confiar que nós vivemos neles. Tentar manter a lei é na verdade uma declaração de independência, um modo de manter o controle”. (p. 189)

O ataque aqui é sutil. É verdade que em Jesus estamos isentos da lei e todas as coisas são legítimas, porém, como todas as mensagens sutis, esta afirmação é apenas uma meia verdade: Vejamos o que diz a Bíblia Sagrada:
“Todas as coisas me são [lícitas], mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são [lícitas]; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. (1Co 6.12).

“Todas as coisas são [lícitas], mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são [lícitas], mas nem todas as coisas edificam”. (1Co 10.23).

2. LINGUAGEM OBSCENA – Com forte apelação na tentativa de extravasar emoções, o autor escorrega feio no diálogo de seu personagem com Deus e coloca em seus lábios linguagem obscena em total desrespeito a divindade:

“- Papai - ele disse chorando -, como posso perdoar aquele filho da puta que matou minha Missy? Se ele estivesse aqui hoje, não sei o que eu faria. Sei que não é certo, mas quero feri-lo como ele me feriu... se eu não puder ter justiça, ainda quero vingança”. (p. 208)

Vejamos o ensino bíblico:
“Não saia da vossa [boca] nenhuma palavra torpe, mas ó a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem”. (Ef 4.29)


Bem, aqui estão minhas considerações acerca dos deslizes, escorregões e mensagens subliminares do autor de “A Cabana”. Existem outros pormenores que poderiam ser discutidos, mas estes são suficientes para alertar acerca do perigo desta literatura de ficção.

Para concluir, ficamos com a palavra de Deus:

“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de [fermento] leveda a massa toda?” (1Co 5.6)

“Examinai tudo. Retende o que é bom; e abstende-vos de toda espécie de mal” (1Ts 5.21-22)

2 comentários:

  1. em nosso dias tem surgido muitas sutilezas, verdades impregnadas de mentiras, é bom tomarmos cuidado.

    aldericoz@bol.com.br

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  2. Observações pertinentes. Obrigado pelos esclarecimentos.
    Roberto

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