A Casa Publicadora das
Assembleias de Deus (CPAD), que neste ano completa 75 anos, como parte das
celebrações de seu aniversário, lançou em três volumes as Obras de Armínio.
Como muitos leitores deste portal desejam saber sobre a importância desta
publicação, considerei como de bom alvitre, trazer nesta postagem um pouco da
história de Armínio. Boa Leitura:
Síntese Biográfica
O teólogo holandês Jacó Armínio (1560-1609), nasceu em Oudewater, no
sul da Holanda. Aos 15 anos foi estudar na Alemanha. Enquanto estudava sua
família foi dizimada por católicos leais a Espanha que invadiram a cidade onde
moravam seus pais. Orfão, Armínio ficou aos cuidados de um influente holandês
de Amsterdã.
Formação Teológica
Estudou na Universidade de
Leiden (1576-1582). Um dos seus mestres foi o reformador Teodoro Beza, sucessor
de Calvino. Deste modo, esteve sob a influência do calvinismo, quando estudou
em Genebra. Foi ordenado no ano de 1588. Sua teologia, pelo menos em parte,
pode ser considerada uma revolta contra certos elementos que ele considerava
contrários à razão e ao sentido teológico.
A controvérsia da predestinação
Em 1585, os líderes da igreja
em Amsterdã pediram a Armínio que refutasse os escritos do teológo Dirck
Koornhert (1522-1590) que havia atacado a doutrina calvinista da predestinação.
Após se debruçar sobre tais escritos, comparar com as Escrituras e o pensamento
teológico dos primeiros séculos do cristianismo, por fim, chegou a conclusão
que Koornhert tinha razão.
A campanha de difamação
Após este parecer Armínio é
acusado pelos calvinistas de heresia. Porém os oficiais da igreja em Amsterdã
examinaram a questão e inocentaram Armínio. Seus opositores se revoltaram. O
repúdio dos adversários tornou-se ainda maior quando Armínio foi nomedao para
ocupar uma cátedra na Universidade de Leiden, em 1603, função que ocupou até
sua morte.
Seu principal opositor foi
Francisco Gomaro (1563-1643), seu colega de Universidade. As acusações
começaram na cátedra, depois foram para os púlpitos das igrejas e por fim para
as ruas. Em meio a este turbilhão, Armínio faleceu em 1609 aos 49 anos de Idade
Os cinco pontos do Remonstrance
Após sua morte, seus discípulos
cristalizaram suas ideias em um panfleto com cinco pontos, Remonstrance,
onde é exposta a posição arminiana. Quarenta e cinco ministros defensores
arminianistas objetaram ao calvinismo estrito e apresentaram suas ideias
alternativas.
Eles dirigiram uma
remonstrância ou “protesto” às províncias da Holanda e de Frieslândia, em 1610,
motivo pelo qual vieram a ser conhecidos como os remonstrantes ou
protestadores.
O protesto era contra os cinco
pontos calvinistas conhecidos pela sigla inglesa TULIP (depravação total,
eleição incondicional, expiação limitada, graça irrestível e perseverança dos
santos). Este protesto exaltou os ânimos e quase provocou uma guerra civil na
Holanda. Os opositores exigiram um sínodo geral para tratar a questão.
O sínodo de Dort
O príncipe Nassau convocou o
sínodo. Armínio morrera em 1609 e Calvino bem antes em 1564. No entanto o
sínodo iria julgar as ideias de ambos os já falecidos teólogos. Para presidir o
sínodo foi nomeado João Bogerman – calvinista radical e extremado. O julgamento
não foi teológico e sim político. Os cinco pontos do remonstrance foram
refutados sem maiores dificuldades. Os remonstrances foram considerados
hereges, alguns banidos, outros presos e outros executados. A intolerância e o
ódio se alastrou em nome da fé.
A teologia arminiana
A teologia arminiana dá lugar
especial ao livre-arbítrio humano. Como vimos, essa doutrina surgiu como
protesto contra os dogmas da eleição incondicional e da graça irrestível. João
Wesley adotou a doutrina arminiana como teologia oficial. Por meio de Wesley a
teologia arminiana prevaleceu na Grã-Bretanha e América do Norte e mais tarde
no Pentecostalismo.
REFERÊNCIAS
GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 2007.
SOARES, Esequias. Credos e Confissões de Fé.
Recife: Editora Bereia, 2013.
Obs: texto de minha autoria publicada originalmente em 17 de outubro de 2015.
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