domingo, 10 de julho de 2011

CARTA DO DEPUTADO PROF. ISRAEL SOBRE O VÍDEO ONDE OS EVANGÉLICOS SÃO ATACADOS

Somos todos revolucionários, mas também somos todos falhos

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz,
mas defenderei até a morte seu direito de dizê-la" (Voltaire)

Sou cristão. Acredito em Deus e em Jesus Cristo. Aos domingos à noite freqüento, quando posso, o culto em minha igreja. Lá eu professo a minha fé e também levanto as minhas idéias e verdades.

Quando vi o vídeo da FENASP com a minha frase inicial de que alguns conservadores se reúnem aos domingos à noite para levantarem suas idéias e as suas mentiras, notei que a construção da minha frase foi infeliz. O vídeo tem um contexto geral que o trecho acaba cortando, mas mesmo assim eu também não gostei dessa construção de frase que fiz. Pelo cacoete de ser professor, acabo por fazer declarações polêmicas para chamar a atenção dos alunos para alguns assuntos. Acontece que naquele debate da FNAC a platéia não era formada por alunos e eu não estava em sala de aula. Apesar de saber o que eu gostaria que fosse entendido, tenho que dar o braço a torcer de que eu me expressei mal.

Ao falar de conservadores quero me referir a um pequeno grupo que existe entre os cristãos, bem como em outras crenças, e que são intolerantes a uma série de assuntos. Não consigo perceber o cristianismo como conservador. Ao contrário disso, vejo como a doutrina mais revolucionária da história, que acabou por vencer o Império Romano e que se alastrou pela Terra e sempre nos traz uma mensagem para sermos melhores. Bem como, a humildade em reconhecer os nossos erros, também.

Por isso, os evangélicos não podem ser conservadores. Como não citar a Reforma Protestante, que renovou o cristianismo e apontou excessos cometidos à época. Um cristão é antes de tudo um revolucionário, porque quer mudar o mundo.

Aos irmãos católicos, como não lembrar das inúmeras ações sociais pelos pobres, pelo enfrentamento da ditadura, pela politização de alguns assuntos que merecem ser politizados. Assim como evangélicos e católicos, eu também quero mudar o mundo. Eu tenho essa paixão revolucionária.

No fundo, queria mostrar que justamente por sermos revolucionários, não podemos nos deixar rotular por uma minoria conservadora, que realmente se reúne para discutir mentiras. Falo novamente, de uma minoria.

Na época de Jesus era um escândalo comer com um coletor de impostos, ou com uma prostituta. Mesmo assim, tudo isso foi feito. Sempre me pergunto o que Jesus faria em nossa sociedade de hoje. Um coletor de impostos hoje é um Fiscal da Receita e um jantar em sua casa poderia ser até chique. Mas será que um cristão acolher e amar um irmão homossexual não seria tão revolucionário como os atos de Jesus?

Gostaria que nós cristãos pensássemos nisso. Estamos dando o devido tratamento cristão aos homossexuais? Quando Jesus curava alguém, os fariseus diziam que ele não devia fazer isso por conta do pecado da pessoa ou de seus pais. Vejam: a religião de Moisés também cometia erros, será que nós estamos isentos de cometê-los também? Somos falhos e podemos cometer excessos. Na minha fala, posso ter sido injusto ao parecer generalizar a questão sobre os ataques aos gays. Hoje estou aqui para reconhecer isso.

Quando falei da Marcha para Jesus, gostaria de fazer refletir que ela mudou o seu enfoque após a Marcha dos Gays. De uma forma honesta: com o que estamos mais preocupados, em falar de Jesus ou atacar os homossexuais? Eu penso profundamente nisso e aí eu me lembro da discussão dos conservadores e dos liberais. Por isso falei que a causa dos gays é a causa dos liberais, porque existem minorias conservadoras que os atacam e não quero estar entre eles. Acredito que os cristãos de coração também não queiram isso.

Não quero ser um cristão conservador. Acho que isso não combina com a essência de ser cristão. Para mim, ser cristão é ser revolucionário.

Professor Israel Batista

FONTE
http://www.profisrael.com.br/Noticia/144/Carta-sobre-o-video-do-evento-na-FNAC/

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