1. Por
muitas décadas a política foi satanizada no meio evangélico. Ensinava-se que a
política era coisa do diabo. Como resultado desta ignorância cultural, a igreja
permitiu com sua omissão, que o poder público fosse exercido por ateus, ímpios
e imorais. Pela inexistência de consciência política os evangélicos se
resignavam em votar no candidato "menos pior". Este comportamento
desastroso contribuiu com a eleição, por exemplo, de governos formados por
"feministas radicais", "defensores da luxúria",
"manipuladores de dados" e "opositores da liberdade
religiosa".
2. Aos
poucos, diante do cerceamento de algumas liberdades, a igreja começou a
despertar para a realidade política. É fato que as mudanças e as transformações
sociais passam pelo processo político. Por que então não eleger candidatos que
reproduzam a moral cristã? Por que não apoiar políticos que rejeitam as leis
contrárias aos princípios cristãos? Para que isso seja possível faz-se
necessário que a igreja amadureça e desfrute de "consciência
política".
3. Na
formação e articulação desta "consciência política", o pastor tem
papel preponderante. Como guia responsável pela orientação da igreja é sua
missão alertar, informar e esclarecer a membresia. A igreja deve ser educada
sobre as questões debatidas no Congresso Nacional. A conscientização deve ser
fundamentada em princípios cristãos. As propostas e as ideologias dos partidos
políticos devem ser conhecidas e analisadas sob a ótica cristã. A postura,
propostas e ideais do candidato precisam ser avaliados à luz das Escrituras
Sagradas.
4. Esta
conscientização tem florescido em muitas igrejas e os evangélicos, antes
marginalizados pelos políticos, começaram a experimentar o poder do voto nas
urnas. Em outubro de 2010, na campanha para presidente do Brasil, o voto dos
evangélicos forçou o segundo turno nas eleições. Uma demonstração que os
evangélicos podem fazer valer suas convicções se votarem conscientemente. Mercê
desta realidade, um movimento cada vez mais crescente, acredita que é possível
moralizar o poder público, substituindo os políticos corruptos e liberais por
políticos cristãos e conservadores.
5. Contudo,
a Igreja não pode limitar-se a fazer oposição e oferecer resistência à
iniqüidade no poder temporal. Não pode depositar sua confiança e esperança nas
decisões políticas. As lideranças devem buscar e incentivar o avivamento
espiritual. O avivamento liderado por John Wesley (1703-1791) trouxe mudanças
sociais na Inglaterra. O mal a ser combatido é o pecado. Quando as mensagens
deixarem de ser de auto-ajuda e o arrependimento voltar a ser pregado, então
vidas serão transformadas. O Espírito
Santo terá liberdade para convencer os ouvintes da verdade, da justiça e do
juízo (Jo 16.8). Pecados serão confessados e abandonados. A velha natureza será
substituída. Haverá radical transformação e o caráter será revestido "do novo homem, que segundo Deus é criado em
verdadeira justiça e santidade" (Ef 4.24).
6. Quando
todas as lideranças deixarem de se preocupar com o crescimento numérico
desprovido de qualidade. Quando a disputa por audiência ou por poder for
deixada de lado. Quando o foco for ajustado para a unidade do corpo de Cristo
(Jo 17.21). Quando os crentes começarem a viver para a glória de Deus (1Co
10.31). Quando a ortodoxia cristã for defendida e proclamada (Jd 1.3). Então
será possível o avivamento espiritual. Nossa nação sofrerá transformações
sociais e espirituais. E acima de tudo o nome do Senhor será glorificado.